segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Capítulo 2 - Os Irmãos Akura!



  – Corre Yoku!

  – Estou indo o mais rápido que posso mano.

  – Você é muito lerdo! – Exclama Kitai com um sorriso no rosto.

  – Minhas pernas estão doendo.

  – Vamos logo Yoku, o almoço está pronto.

  – To indo mano!


  Já se passaram dez anos do nascimento deles, Kitai é mais alto e mais forte que o irmão, eles são muito parecidos, mas ao mesmo tempo tão diferentes, Kitai é ambicioso e Yoku se contenta com pouco.

  Eles vivem com a velha que fez o parto, o nome dela é Yuma, mesmo sabendo que ela não é a sua mãe verdadeira, eles a chamam de mãe e isso a deixa muito feliz, já que ela nunca teve filhos.

  O vilarejo onde vivem é cercado de árvores, pedreiras e córregos, o vilarejo é liderado por Kin, um homem que lutou nas grandes guerras do passado, agora não passa de um velho reclamão.


  O vilarejo não é muito grande, ao entrar pelo portão principal, a esquerda foi construído um templo para os deuses, a direita uma horta, mais alguns passos a frente a casa de Kin, a direita alguns casebres, a esquerda a casa Yuma e algumas árvores.

  O chão é de terra existem penas algumas pedras e belas flores na entrada da casa de Kin, que de longe é a melhor casa do vilarejo, com muitas luminárias e feita da madeira das melhores árvores.

 

  Kitai repete duas vezes a refeição, já Yoku come apenas um pouco e se sente satisfeito, talvez fosse porque aquela comida era um pouco nojenta, Yoku não podia definir a cor nem o que estava dentro do prato, apenas o cheiro que era muito ruim.

  Yoku ficava enjoado apenas de ver Kitai levando o garfo à boca com aquela gororoba. Yuma manda-o comer mais um pouco, pois se não comece ficaria mais magro do que já era, ele se nega, diz que já está satisfeito, é nesse momento que ela enche o garfo e leva até a boca dele. Ele corre a uma velocidade impressionante até o banheiro para vomitar, Kitai com a boca cheia de comida desaba em gargalhadas.
 


  A noite começa a cair, o vento que sopra naquela noite é diferente do de costume, tudo estava tão estranho, os cães latiam sem parar e os outros animais estavam inquietos.

  O velho Kin estava sentado em sua cadeira de balanço quase tão velha quanto ele, seus olhos vidrados em direção ao nada, parecia que estava pre sentindo algo, só lhe restava esperar.

  Foi quando ele sentiu um calafrio e desviou o olhar, quando retornou olhar, viu em sua frente um homem com um sobretudo preto e um capuz, roupa geralmente usada pelos ninjas.

  
  – Veio me matar? – Perguntou o velho com uma cara de nojo.

  – É, parece que vocês têm um bom lugar para viver, hoje em dia é difícil encontrar um lugar assim. – Respondeu o homem misterioso sem desviar o olhar.

  – Peço que nos deixe sair vivos e tudo será seu, sem conflito. – Resmungou o velho.

  – Parece uma boa ideia... Mas não! Imagine como ficaria a minha reputação se algum inimigo meu descobrisse isso. – Disse o homem sem demonstrar piedade.

  – Vejo a morte em seus olhos... Qual o seu nome filho? – Diz o velho com a voz calma.

  – Tenebris é o meu nome. 
 
  O tal homem misterioso ergue vagarosamente uma espada, o brilho segou o velho Kin, que a admirava enquanto ela se aproximava dele. Com um único golpe ele arranca a cabeça do velho, o sangue se espalha pela parede atrás do corpo de Kin.


  Outros cinco homens com as vestes muito parecidas com a de Tenebris surgem em meio às sombras, – Comecem! –, disse Tenebris aos homens.


  Eles começam a entrar nas casas e matar os moradores, Yuma se acorda com os gritos das pessoas atacadas, logo ela corre até o quarto dos meninos.

  – Vamos, acordem. – Fala ela em tom baixinho enquanto cutuca Yoku.

  Eles logo acordam totalmente confusos, sem saber o que esta acontecendo Kitai então pergunta:

  – O que esta acontecendo?

  – Estamos sendo atacados. – Responde a velha.

  – Por que? – Pergunta Yoku.

  – Eu não sei e isso também não importa agora. – Retruca a velha.


  Os homens que estão atacando o vilarejo estão se aproximando da casa de Yuma.

  – Se escondam na floresta. – Diz a velha com os olhos marejados e a mão nas costas dos meninos.

  – Mas mãe! – Exclamou Yoku enquanto as lagrimas corriam de seus olhos.

  – Vão rápido! É a única chance de vocês. – A velha então desaba em lagrimas.

  – Vamos Yoku. – Fala Kitai em um tom baixinho e o semblante sério.

  – Kitai, me prometa que vai cuidar do seu irmão.

  Kitai apenas acena com a cabeça, pega o irmão pelo braço e sai correndo pela porta dos fundos.

  A velha começa a rezar para os seus deuses enquanto aguarda a morte.

  Kitai vê um homem de sobretudo entrar na antiga casa deles, mas não para de correr.

  Após uma longa distancia percorrida eles param para descansar, Yoku ainda esta chorando.

  – Chorar não vai trazê-la de volta! – Kitai esta tomado pela raiva.

  – Mas... Mas... O que vamos fazer agora? – Yoku fala soluçando.

  – Vamos sobreviver, ficar fortes e acabar com aquele cara! – Kitai exclama com muita raiva.

 
  A noite não estava muito fria, eles dormiram entre as raízes de uma grande árvore, o lugar até que parecia bom.




  Eles ficaram ali por alguns dias, se alimentavam de frutas e às vezes caçavam, a comida era pouca, mas dava pra sobreviver.

  Logo ali tinha um riacho onde eles pescavam, pegavam água para beber e tomavam banho.

  Yoku chorava em silencio todas as noites, Kitai passava a maior parte do tempo levantando peso, fazendo corridas e dando socos no vento, na esperança de ficar forte.

  Mais algumas semanas se passaram, Kitai se sentia cada vez mais forte e Yoku se tornou um exímio pescador.

  – Estou pronto para enfrentá-lo. – Diz Kitai em um tom bastante calmo.

  – Você está maluco?

  – Se não quiser vir comigo, pode ficar aqui e me esperar.

  – Não, eu vou com você. – Diz Yoku encarando o irmão.

  Então eles partem em direção ao vilarejo, Kitai leva consigo algumas armas que ele fez na noite passada, uma pedra lapidada com o formato de uma espada e uma lança feita de um galho de árvore.

  Após uma longa caminhada eles se aproximam do extinto vilarejo que agora mais parece um acampamento militar, mais de dez homens com roupas ninja e bem armados.

  – Eles são muitos. – Diz Yoku com os olhos arregalados.

  – Não vamos matar todos, um já é o bastante. – falou Kitai com um olhar que amedrontou o próprio irmão.

  Lentamente os dois percorrem em torno do acampamento, eles param atrás de uma árvore, Kitai então avista o tal homem que ele quer morto.

  – Calma Kitai, eles não podem nos ver, vamos esperar uma oportunidade melhor. – Disse Yoku olhando firmemente para o irmão.   

  – Eu sei! Vamos esperar a noite cair.  – Kitai estava com a voz embargada.


  Já é noite e as estrelas iluminam o céu, uma lua cheia que faz a noite parecer dia, Kitai com os dentes serrados e suando frio se prepara para atacar.

  – Esta na hora. – A tenção é tanta que ele mal mexe a boca pra falar.

  – Kitai. Vamos deixar para outro dia, esse não é o melhor momento.

  – Não esse é o momento certo!

  – Somos apenas crianças, que chance temos contra ele?

  – Nunca saberemos se não tentarmos. – Diz Kitai com o mesmo olhar de raiva que carrega a algum tempo.

 
     Kitai avança em direção a casa que era de Kin, mas Yoku o impede imediatamente.

  – Você esta louco! Quer morrer?

  – Eu preciso acabar com isso! Eu não passo um segundo sequer sem pensar nas vidas que ele tirou, Yuma, o velho Kin, os nossos amigos, ele matou todos!

  – Se você quer morrer, farei isso com você. – Disse Yoku com os olhos marejados e de cabeça baixa.

  Os dois saem correndo em direção a casa principal, Kitai segura a lança, as lagrimas correm pelo seu rosto e Yoku engole o choro.

  A uns cinco metros da casa um homem surge em sua frente, ele segura uma espada, sua roupa era totalmente preta, ele não usava nenhum capuz ou algo que escondesse seu rosto, careca e com uma cicatriz que ia de cima da sobrancelha direita até o maxilar.

  – O que vocês procuram? – Perguntou o homem.

  – Vingança. – Disse Kitai de cabeça baixa.

  O homem deu uma gargalhada, afinal eles eram apenas crianças, foi então que ainda rindo ele exclamou:

  – Tenebris venha ver isso!

  Tenebris veio calmamente, olhou para o homem da cicatriz e falou:

  – O que foi Jai?

  – Eles falaram que querem vingança. – Falou Jai ainda rindo.

  Kitai então encarou Tenebris, um olhar que ele não havia recebido em nenhuma das guerras que lutou, um olhar de ódio e ao mesmo tempo de medo.

  – Você matou a minha mãe, meus amigos e o velho rabugento. – Falou Kitai com a voz tremula.

  – Eu peço desculpa garotinho, mas o mundo é dos mais fortes, aceite isso.

  – Nunca! – Exclamou Kitai com lagrimas correndo pelo rosto.

  – Sinto muito, mas terei que matar vocês. – Disse Tenebris calmamente.

  Jai então solta Kitai, o garoto sai correndo em direção a Tenebris, tudo parece estar em câmera lenta, Kitai serra os dentes, fecha a mão direita, as juntas de seus punhos estalam. É agora ou nunca, pensa Kitai.

   Na pequena distancia percorrida pelo garoto, a lembrança dos que se foram não o deixaram um segundo sequer.
 
  Tenebris abriu a mão e lhe acertou um tapa no rosto antes mesmo que ele o tocasse.

  Kitai caiu sentado um pouco mais do que dois metros de Tenebris, que o olhava com um olhar tão suave e tão inofensivo.

  O medo corria nas veias Kitai, mas o ódio que o tomava era maior, com o lado direito da face completamente vermelho e dolorido. As lagrimas não caiam mais.

  Kitai se levanta rapidamente e corre novamente em direção a Tenebris, algo está estranho, Tenebris desvia o olhar por um segundo e uma pequena explosão acontece entre os dois.

  Kitai é jogado para trás e Tenebris se protege, “o que aconteceu?”, pensa Kitai.

  Era difícil de enxergar, havia muita fumaça, Jai segurava Yoku, Tenebris olhava para os lados procurando o que causou aquilo.


  Em meio a fumaça, Kitai conseguiu enxergar uma perna, logo viu algo que parecia um sobretudo vermelho escuro com um símbolo preto na borda que lembrava o formato de uma chama, o vento provocado pela explosão fazia o sobretudo balançar.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Capítulo 1 - O Início


 No inicio dos tempos havia um ser que não podia ser descrito, tocado ou enxergado. Era apenas uma essência pairando no ar.

  A essência nada mais é do que uma energia que pode criar qualquer coisa, ela pode ser sentida, mas não havia quem pudesse senti-la.

  Ele vivia em um lugar escuro e infinito que parecia abandonado, nesse lugar existia uma enorme bola de fogo, que por nós é conhecida como Sol.

  Então o tal ser resolveu criar...

  Primeiramente ele pegou uma pequena parte de sua essência e criou três seres, o primeiro ele chamou Terra, o segundo de Água, e o terceiro de Fogo. Eram seres que ele achava imprescindíveis para sua obra final.

  Após, ele pediu para que eles criassem um lugar que pudesse gerar vida ser que ele tivesse que intervir, também foi pedido para que o tal lugar se parecesse um pouco com os outros lugares que ele havia criado, mas os mesmos eram desabitados.

  Algum tempo depois, o lugar estava pronto, mas por algum motivo a vida não florescia sozinha.

  O lugar era gigantesco, tinha a forma de uma elipse, era maior parte coberta por água, abaixo uma espessa crosta de terra e rochas e no seu núcleo uma enorme bola de fogo.

  O lugar era tomado por um vácuo enorme, frustrado por mais uma falha, o ser optou por uma ultima tentativa.

  Então ele criou o Ar, um ser que dominaria o território acima da água e da terra.


  A vida...

  Depois de algum tempo, a vida começou a florescer, plantas começaram a tomar o território, novas espécies começavam a nascer.

  Finalmente tudo estava dando certo, o seu mundo estava criado, mas os seres que ali habitavam não eram da forma que ele imaginou. Eles não pensavam, simplesmente agiam por extinto, eram burros.

  Desolado, foi acalmado por seus filhos, pois ainda era cedo para desistir.

  Um longo tempo depois. Duas espécies começaram a se destacar, os Homens, por sua inteligência e organização, e os Mitsojiks, por sua força e controle de essência.

  Feliz por ver que tudo estava como ele imaginou, resolveu criar um ultimo ser antes de partir, esse ser ficaria no seu lugar, ele teria uma boa parte de sua essência.

  A essência era metade boa, metade ruim, isso simbolizaria o equilíbrio no mundo, o nome do novo ser era Chinzu.



E então ele partiu, deixando o mundo na mão de seus filhos...




  Após muito tempo depois ele retorna ao lugar que criou e vê um mundo totalmente diferente do que ele planejou.

  Os homens chamavam seus filhos de deuses, Chinzu havia se voltado contra os homens e seus irmãos.

  Chinzu liderou os mitsojiks em uma guerra contra os homens, que foi parada após a chegada do criador.

  O criador decidiu que o melhor a se fazer era dividir as essências do equilíbrio, a essência Chinzu foi dividida em duas partes e renasceria em duas crianças daqui a setecentos anos. E após a morte deles renasceria novamente em setecentos anos, isso se repetiria eternamente. Os mitsojiks deveriam servir eternamente as famílias dos guerreiros que morreram em batalha.


  Antes de partir novamente, ele pediu para que seus filhos ensinassem aos homens a controlar a essência e que eles deveriam escolher um homem cada, para dividir sua essência, esses homens seriam imunes a doenças e a velhice. Ele ordenou que após dividir as essências, eles deveriam partir.

  Duzentos anos depois, Terra encontrou um homem que ele achava digno de receber a dádiva proposta pelo criador, seu nome era Ichiro, um camponês de 40 anos que perdeu a família em um incêndio, ele era forte e destemido.

  Terra então partiu e deixou seus irmãos.

  Cento e quinze anos depois de Terra partir. Água encontrou alguém que lhe parecia ter uma grande determinação, seu nome era Ália, uma jovem garota de 18 anos, filha única e de olhos azuis.

  Foi a vez de Terra partir.

  Mais duzentos e cinquenta anos se passaram, Ar ainda confuso com a sua escolha, pois tinha vários alunos dignos, mas um se destacava, estava a beira da morte, com 70 anos, Quinn, um velho cheio de arrependimentos de um passado nada glorioso. Ar decidiu que ele seria melhor escolha.

  Então ele se foi.

  Desde a partida de Ar já havia se passado mais de cem anos, foi então que Fogo encontrou um garotinho, este parecia estar perdido, com lagrimas no rosto e a roupa suja ele chamou a atenção de Fogo.

– O que você esta fazendo aqui sozinho garoto?

– Meus pais sumiram –. Disse o garoto com a voz tremula.

– Qual o seu nome? –. Pergunta Fogo.

– Shaun. –. Responde o garoto.


  Shaun, um garoto magrinho, de olhos arregalados, cabelo castanho e bagunçado.

  “Esse garoto tem algo de especial, eu sei disso”, pensou Fogo.

  Os pais de Shaun nunca foram encontrados, Fogo se tornou seu mestre e seu melhor amigo. Ele sabia que seria Shaun seu substituto, mas qual seria o momento certo, era uma duvida que estava deixando ele louco.


  Quando Shaun completou 27 anos, Fogo decidiu que seria essa a hora certa, pois faltavam poucos anos para as crianças nascerem.

  Fogo partiu e deixou Shaun no seu lugar, Shaun agora com 27 anos, não mais tão magro como antes, cabelo bagunçado e um chapéu de palha cônico que carrega nas costas.

  Terei 27 anos pelo resto da vida, acho que o melhor a se fazer é beber para comemorar, pensou Shaun com um sorriso no rosto.


   Alguns anos se passaram...


  Um grito de dor ecoa no ar, vindo de uma cabana feita com bambu e palha, o grito era de uma mulher prestes a dar a luz, seu rosto era pálido, seus lábios estavam roxos, veias com um misto de roxo e verde, eram saltadas em seu rosto que um dia foi belo.
 
  Viúva a menos de uma semana, seu marido morreu em meio a uma guerra entre dois vilarejos, ele era forte e destemido, era crente aos deuses e a única coisa que ele temia era o retorno de Chinzu, um deus que havia sido esquecido pelos homens a muito tempo.

  A dor só vinha a aumentar, seus olhos estavam lacrimejando, os gritos cessaram, ela apenas abria a boca, mas os gritos não saiam mais.

  A boca totalmente seca e rachada, seus olhos quase fechando, tudo estava embaçado e girando, ela não sentia mais dor, uma sensação boa tomou o seu corpo, uma sensação de alivio, seu corpo começa a adormecer.

  Uma velha senhora tentava fazer o parto.

  De repente o choro de uma criança recém nascida é escutado pela mãe que esta à beira da morte, ela olha para a criança no colo da senhora e abre um leve sorriso.

  – É um menino. – Diz a senhora com uma expressão de felicidade e tristeza ao mesmo tempo.

  – Ele vai se c-cha-a-mar... – Diz a mãe gaguejando totalmente sem forças.

  – Kitai Akura! – Exclama ela com pouca força, quase sem som.

  A dor volta pior do que antes, ela se agarra nos panos da cama com muita força, seus pés começam a se contorcer, a velha a olha espantada.

  Ela tenta gritar, mas a voz parece não sair, apenas gemidos de dor, seus olhos já sem brilho veem a velha levantar outra criança.

  – São gêmeos! Grita a velha com esperança de que a jovem não morresse ali.

  – Yoku Akura. – Fala a jovem com suas ultimas forças, seus olhos sobem até aparecer apenas à parte branca do globo ocular, sua respiração fica fraca, seu coração bate fracamente até que para de vez.


  Uma lagrima escorre da velha que vê a jovem mãe ali, sem vida.